Nova rede social da Meta surgiu com um crescimento impressionante (que inclusive já está caindo), mas isso não muda muita coisa no dia a dia das marcas.

Recentemente, a Meta, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp lançou o Threads, um aplicativo baseado em texto que pretende ser um concorrente direto do Twitter.

Com a estética e o sistema de navegação do Instagram, as postagens do Threads podem ser compartilhadas diretamente no Instagram Stories e têm um limite de 500 caracteres. Os usuários também podem postar fotos e vídeos, além de responder, repassar e citar postagens de outras pessoas.

Após um rápido desenvolvimento, a nova mídia social foi um sucesso instantâneo. Com apenas duas horas no ar, o aplicativo atraiu 2 milhões de inscritos, alcançando a marca de 100 milhões de inscrições em apenas cinco dias.

Apesar do crescimento impressionante, uma pergunta ficou no ar: o sucesso iria durar? Mesmo que seja uma questão relevante, o importante não é tentar responder se irá durar ou não, mas sim como podemos aproveitar esse hype para o nosso próprio negócio: faz sentido investir?

Eu sempre digo que uma marca deve estar onde o cliente está. Nesse sentido, diria que a empresa deve ser como um camaleão, não apenas por se adequar a diferentes ambientes, mas por ter uma visão de impressionantes 180 graus – uma perspectiva ampla que todo negócio deve buscar desenvolver, principalmente em um mercado dinâmico como o que vivemos hoje.

Porém, para aproveitar as ondas que surgem, a empresa deve construir uma proposta de valor sólida, posicionando-se em diferentes canais de maneira estratégica. Nesse sentido, entender quem sua marca é, assim como os valores que ela representa, é fundamental não só para diferenciar o negócio da concorrência mas para definir os melhores canais para se estar.

Mesmo que o hype seja passageiro, a construção de relacionamentos autênticos nesses ambientes podem trazer clientes valiosos.

 

 

Canais vem e vão, sua empresa permanece

Redes sociais como o Threads surgem o tempo inteiro, com chances de se perpetuarem ou caírem no esquecimento. O Clubhouse, por exemplo, ascendeu, conquistou milhares de usuários e sumiu tão rápido quanto surgiu. O BeReal, por outro lado, ainda sobrevive, atraindo pessoas que buscam uma experiência mais autêntica e sem filtros. Apesar disso, ainda não atingiu todo o seu potencial.

Uma prova desse sucesso imprevisível é que o próprio Threads já apresenta sinais de desaceleração. De acordo com dados da empresa de inteligência de aplicativos data.ai, além de uma queda no número de usuários ativos diários, o tempo gasto na plataforma diminuiu 50%, caindo de 20 para 10 minutos.

Apesar da tração ter diminuído, ainda está longe de ser uma preocupação para a Meta. O aplicativo já alcançou mais de 150 milhões de downloads, crescendo 5,5 vezes mais rápido que o Pokémon GO, da Niantic, que possuía o recorde desde julho de 2016, quando estreou.

Independente de aderir ou não à rede social da vez, é importante considerar que somos seres sociais e temos a necessidade de nos conectar. Em um momento baita tecnológico como o nosso, as mídias sociais podem se converter em um grande canal de vendas e relacionamento, conectando pessoas a suas marcas favoritas e criando comunidades enormes.

Para ter ideia, a cada segundo, 13 novos usuários se inscrevem em sua primeira mídia social e, de acordo com dados do DemandSage, 4,9 bilhões de pessoas usam as mídias sociais atualmente, interagindo em média com 6,6 plataformas. Ou seja, embora nenhum sucesso seja garantido, o cliente gosta e está presente em múltiplas mídias sociais.

Ranking de aplicativos que atingiram 150 milhões de downloads globais Créditos: data.ia

 

Porque sua marca deve estar presente em múltiplos canais, incluindo mídias sociais

Desenvolver uma estratégia omnicanal não é mais novidade, mas com o avanço da tecnologia, além de atuar em vários canais, a comunicação também mudou: tornou-se omnimedia. Uma comunicação omnimedia integra os canais de comunicação no varejo para divulgar informações de produto, preço e promoção de forma padronizada, ágil e atrativa para o comprador.

Uma pesquisa de preços pode começar na internet, ir até a loja física e virar um tuíte sobre a marca – o cliente está em todo e qualquer lugar, interessado em extrair o melhor de cada ponto de contato.

Tornar-se omnimedia ajuda a prender a atenção do público, cada vez mais escassa. Estar presente em múltiplos canais facilita o envio da mensagem certa no formato ideal, tornando a comunicação relevante seja onde for.

As mídias sociais são apenas uma parte da estratégia de marketing, mas tem um aspecto que vale destacar: permite que a marca se comunique diretamente com o consumidor, que se bem atendido, pode tornar-se a maior e melhor propaganda da empresa, compartilhando produtos e serviços.

Além do marketing boca a boca, clientes satisfeitos tendem a comprar cada vez mais e melhor, aumentando a retenção e o LTV. No fim, mesmo que as mídias sociais sejam passageiras, a conexão que ajudam a criar resulta em potenciais relacionamentos duradouros entre marca e consumidor, que são impulsionados pelo sentimento de pertencimento.

 

 

A maior mídia de todas é o cliente

O grande poder das redes sociais é ajudar empresas a transformarem clientes em fãs. Isso acontece quando são capazes de construir uma comunidade em torno da marca.

O G4 Educação, por exemplo, edtech que ajudei a fundar com três grandes amigos, Tallis Gomes, Bruno Nardon e Tony Celestino, reuniu empreendedores e gestores brasileiros interessados em transformar o Brasil através da geração de empregos. Engajados com essa agenda, construímos uma comunidade forte e comprometida em aplicar as melhores práticas de negócios do país.

Toda marca tem um propósito, o qual ressoa quando é comunicado para o público certo, atraindo cada vez mais pessoas até que se transforme em um movimento gigante; quando o cliente se sente parte de algo, ele se aproxima mais da empresa e do produto, desenvolvendo assim confiança na marca.

Apesar dos benefícios, construir senso de pertencimento através das mídias sociais deve levar em consideração objetivos de longo prazo, além do posicionamento que a companhia quer ter.

Nesse momento, muitas empresas focam nos ativos tangíveis do negócio, priorizando o preço dos produtos e não a narrativa, fator essencial para gerar conexões com os consumidores. Focar nos ativos intangíveis tende a ajudar a construir um storytelling relevante e assertivo, contribuindo para gerar awareness e, principalmente, associações positivas com a marca.

Para isso, é preciso, antes de tudo, virar a chave e começar a pensar no impacto que a solução gera, não no produto que é vendido. Sem essa mentalidade, o negócio pode deixar muito dinheiro na mesa.

Pensando nisso, separei algumas boas práticas que podem te ajudar a utilizar as mídias sociais ao seu favor, construindo uma audiência que permanecerá mesmo após o hype do momento passar:

– Foque em públicos específicos: quem vende pra todo mundo não vende pra ninguém e essa premissa também vale para construção de audiências online. Segmentar o público baseando-se em dados demográficos pode ajudá-lo a entregar a mensagem ideal para o público certo, independente da plataforma. A Netflix, por exemplo, administra contas separadas para diferentes públicos e regiões, priorizando o público-alvo que quer atingir.

– Avalie o sentimento do cliente: o social listening é um processo que ajuda a empresa a monitorar conversas online sobre sua marca e setor, descobrindo tendências, menções à marca e colhendo feedbacks. A Ikea desenvolveu um hub para ouvir e aprender com o cliente, transformando-o no primeiro estágio da sua cadeia de valor.

– Ofereça suporte: Ao oferecer suporte através das mídias sociais, uma marca pode transformar burocracia em oportunidade de relacionamento. Uma pesquisa da Harvard Business Review com clientes de companhias aéreas descobriu que aqueles que eram respondidos através das redes sociais estavam dispostos a pagar quase US$ 9 a mais por uma passagem aérea.

Até a conversão, o prospect pode passar por uma longa jornada e através das mídias sociais as marcas podem transformar atrito em engajamento, fortalecendo o posicionamento da empresa e tornando-se relevante para sua audiência.

É difícil prever se uma nova mídia social como o Threads vai ganhar usuários fiéis ou não. O que podemos controlar é como nos apropriamos dela, fazendo desses lançamentos uma oportunidade para nos aproximar da maior mídia de todas: o cliente.

 

 

FONTE: https://www.mundodomarketing.com.br/o-threads-chegou-mas-nada-mudou/