Categorias de alimentação básica e higiene têm alta nas vendas. E-commerce e serviços de streaming lideram a preferência do consumidor durante proliferação do Covid-19

 

A declaração da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que a proliferação do novo coronavírus (covid-19) foi elevada para pandemia interferiu drasticamente no mercado financeiro e já afeta a rotina das economias locais. O Brasil, por sua vez, deve se preparar para administrar a situação de aumento dos casos da doença e tentar reduzir os prejuízos que podem ser gerados.

O consumo no curto prazo deve ser de produtos básicos, como alimentos, remédios e produtos de higiene. Bens duráveis e semiduráveis, como eletroeletrônicos, roupas, móveis, tendem a ter suas compras adiadas, segundo estimativa da assessoria econômica da FecomercioSP. Como grande parte das empresas está adotando o sistema de home office, as aquisições comumente feitas por impulso – na hora do almoço, ou no fim do expediente, por exemplo – também sofrerão baixas.

A Federação avalia que em relação aos supermercados, a tendência é que não haja um desabastecimento de forma geral, porque, diferentemente de outras crises recentes (como a greve dos caminhoneiros), a produção agrícola se encontra em bom nível e os transportes estão funcionando, até o momento, normalmente.

Um ponto levantado pelo presidente do Conselho e Economia Empresarial e Política, Antonio Lanzana, é de que como a China fornece insumos para a indústria brasileira, alguns segmentos podem enfrentar dificuldades em manter a produção por falta de matéria-prima, como o de eletroeletrônicos, o que pode trazer consequências em outros setores, como o automobilístico. Já os valores das mercadorias ficam à mercê de algumas variáveis – como capacidade do fornecedor de entrega e possível aumento de custo no período, principalmente de produtos e matérias-primas importados com cotação em dólar ou em euro.

Leia também: Tendências de mercado para a indústrias de alimentos em 2020

 

Empresariado

A FecomercioSP recomenda que os comerciantes de bens duráveis não ampliem os estoques, pois não é o momento de investir, endividar-se ou assumir compromissos no longo prazo. A instituição também orienta os empresários que busquem entender o cenário e o impacto social, sem elevar o preço dos produtos – se os consumidores de rendas menores não conseguirem comprar itens de prevenção, como o álcool em gel e os remédios básicos, isso pode gerar ainda mais proliferação da doença.

 

Além disso, os empreendedores devem ficar atentos ao fluxo de caixa e aos gastos fixos, além de avaliar se vale a pena abrir o estabelecimento todos os dias e nos mesmos horários, diante da queda na demanda. Outra orientação importante é sobre opções de atendimento a distância, utilizando redes sociais, ou de entregas de produtos de forma alternativa, via Correios para todo o Brasil; ou por aplicativos, que atendem às demandas locais com motoboys.

Consumo pelo mundo.

As incertezas relacionadas à disseminação do Covid-19 estão afetando o comportamento dos consumidores. Nos Estados Unidos, quase metade (47%) dos consumidores consultados no fim de fevereiro disseram que estão evitando fazer compras em shoppings, e 32% estão evitando lojas físicas de rua, fora dos shoppings. Se o surto se agravar, 74% disseram que se afastariam completamente dos shoppings, e pouco mais da metade (52%) deixaria de fazer compras em lojas de rua, segundo dados da pesquisa feita pela Coresight Research.

De acordo com a pesquisa, as pessoas estão se voltando ao e-commerce como um meio para obter suprimentos básicos. Essa cautela em relação às lojas físicas não quer dizer que o consumo diminuiu. Pelo contrário, pode até aumentar, com muitos procurando estocar suprimentos.

20 dicas de aplicativos para ajudar você e a sua empresa. Acesse aqui nosso e E-book e confira!

O fato de os consumidores estarem evitando as compras em lojas físicas não quer dizer que o consumo diminuiu, ele apenas migrou para o e-commerce. Nos Estados Unidos, a demanda cresceu tanto que Amazon, Walmart e Instacart alertaram sobre possíveis atrasos e indisponibilidade do delivery expresso (no mesmo dia) ou no dia seguinte à compra, de acordo com a CNBC.

Outros setores que já estão sendo impactados diretamente são o de alimentação e entretenimento. A pesquisa da Coresight Research apontou que 30% dos consumidores evitam sair para bares e restaurantes – esse número deve subir para 60% caso a haja maior proliferação da doença.

Já o Instituto Nielsen identificou picos de crescimento nas vendas de produtos alimentícios de alta duração nos Estados Unidos após o início das contaminações em grande escala, na semana que terminou em 29 de fevereiro. Os produtos que tiveram maior pico de vendas foram leites em pó (alta de 84%), grãos (alta de 37%), carne enlatada (alta de 31%) e arroz (alta de 25%).

 

 

Os produtos de higiene como álcool em gel e máscaras cirúrgicas também cresceram em preferência, como já vem ocorrendo no Brasil. As vendas de álcool em gel, por exemplo, cresceram 19,5% na primeira semana de fevereiro, quando o primeiro caso foi confirmado nos Estados Unidos, em comparação com o mesmo período do ano passado. Com a proliferação dos contágios nos Estados Unidos, as vendas do produto aumentaram 85% na semana que começou em 22 de fevereiro em relação ao mesmo período de 2019.

Na China, onde o começou o surto de Covid-19, mais da metade dos consumidores (55%) estão usando plataformas de e-commerce para se abastecerem, segundo pesquisa feita pela consultoria Kantar em mil lares chineses. A quarentena forçada estimulou, por lá, as compras coletivas. Segundo o levantamento, 35% das famílias chinesas pesquisadas já consideram o WeChat como um novo canal de compras. O aplicativo é uma espécie de Whatsapp com mais funcionalidades, o que permite que as pessoas façam compras em conjunto e também troquem mercadorias.

Por lá, os gastos com alimentos e bebidas cresceram em 40% dos lares e em 48% deles, aumentou o consumo de produtos de limpeza. Enquanto isso, 67% das famílias pesquisadas reduziram as compras de roupas e 56%, de cosméticos.

Ações das marcas

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, anunciou uma série de medidas temporárias para combater o surto do Covid-19. Por meio de um decreto, o governador determinou a suspensão de atividades coletivas como cinemas e teatros durante 15 dias. Se por um lado esses estabelecimentos podem vir a ter grandes perdas, outros estão se beneficiando. A Claro criou um pacote de ações que beneficiam clientes e não-clientes durante esse momento da pandemia de coronavírus.

Para estimular as pessoas a ficarem em casa, assinantes da banda larga fixa terão a velocidade aumentada gradativamente. Além disso, os canais de TV por assinatura serão liberados sem custo, incluindo canais jornalísticos, de filmes, esportes e outros. Já a rede Wi-Fi pública #NET-CLARO-WIFI também foi liberada. Essa ação vale também para quem não é cliente da empresa. Para ter acesso a rede, basta assistir aos vídeos informativos do Ministério da Saúde/SUS sobre Coronavírus. O cliente pré-pago que consumir toda a franquia de internet poderá ganhar bônus diário de 100MB para continuar navegando. Também é só assistir aos vídeos informativos do Ministério da Saúde/SUS.

Os serviços de streaming já estavam em crescente expansão, no entanto, agora ganham mais destaque uma vez que estão se tornando a principal fonte de entretenimento doméstico. Apesar do mercado sofrer com quedas na bolsa, as ações da Netflix continuaram subindo – 5%, á medida que o mercado geral caiu 5%. O número de assinaturas segue crescendo, com previsão de novos assinantes em todo mundo, chegando a marca de 7,5 milhões de novos clientes.

Fonte: < https://www.mundodomarketing.com.br/ultimas-noticias/38582/coronavirus-altera-habitos-de-consumo-e-impacta-mercado.html > Acesso em: 17/03/2020 às 11h00.