Questões sociais das TIs das empresas e os impactos na qualidade de vida

 

Na sociedade moderna, onde as informações e os conhecimentos se configuram como ativos e patrimônios intelectuais cada vez mais preciosos dos indivíduos e organizações e que estão sendo produzidos, tratados e replicados por tecnologias digitais que propiciam velocidades cada vez mais aceleradas e acumulando-se em volumes crescentes. Devem ser estabelecidos princípios e valores, que orientem os comportamentos e posturas, quanto às operações que envolvam as origens das informações e conhecimentos, suas utilizações e seus destinos.

Deverão ser previstas e prevenidas ações e suas consequências, referentes a:

 Desperdícios relacionados a Tecnologias da Informação

As tecnologias digitais evoluem em velocidade superior à sua depreciação econômica, o que faz com que a obsolescência tecnológica e funcional leve ao descarte equipamentos e sistemas ainda úteis e confiáveis. Novas tecnologias permitem o desenvolvimento de utilidades e facilidades que, antes de serem totalmente amortizadas, são suplantadas, descartadas e esquecidas.

Pelo lado dos usuários e funcionários, as tarefas ficam facilitadas de tal forma que sobra tempo para estes efetuarem tarefas não produtivas para a empresa, tais como acessar redes sociais, responder mensagens pessoais, navegar na internet. Profissionais recebem diariamente propagandas e serviços não requisitados que também desperdiçam tempo e recursos. Em sistemas relatórios, textos, planilhas são facilmente impressos, transmitidos e arquivados em diferentes versões e quantidades, desperdiçando tempo, papel e recursos computacionais.

Estes desperdícios podem e devem ser regulamentados por normas de procedimentos que limitem e minimizem perdas desnecessárias.

Erros relacionados a sistemas e computadores

Como produtos da criatividade e da engenhosidade humana, sistemas e equipamentos são sujeitos a erros e defeitos involuntários, tal qual seus criadores. Frequentemente sistemas ficam inoperantes devido a problemas relacionados à sua concepção, desenvolvimento e/ou operação, causando prejuízos e transtornos à seus usuários, tanto em termos financeiros como de perda de tempo, dados, recursos, retrabalhos etc., algumas vezes irreparáveis. Ex: Sistemas e sites “fora do ar”, erros de horários de compromissos, reservas de voos, falta de uma informação estratégica, perda de um banco de dados sem cópias de segurança etc.

Em sistemas de informação empresarial, recomenda-se a adoção de medidas preventivas de testes exaustivos e simulações de situações críticas, em conjunto com auditorias sistemáticas e periódicas de sistemas e procedimentos de segurança, para a verificação e constatação dos riscos, para prevenção de eventos inseguros e elaboração de planos de contingências, contra erros de concepção e de funcionamento.

Sistemas também podem ser induzidos a erros e/ou mau funcionamento por interferências de agentes externos, como a invasão e ação de “hackers”, contaminação por “vírus”, quebra de privacidade por “malwares”, que produzem efeitos prejudiciais e que devem ser evitados e combatidos. Devem ser adotados e implementados recursos e providências de segurança cibernéticas contra agentes externos para as suas prevenções, predições e correções.

Respeito ao Meio Ambiente

O funcionamento dos aparelhos eletroeletrônicos depende da energia elétrica, cuja geração, transmissão e utilização interfere de forma significativa no meio ambiente, e tem aumentado gradativamente com a maior utilização de novos equipamentos eletrônicos de computação, de telecomunicação, de som e de imagens.

A geração e uso da eletricidade, em suas diversas modalidades – diesel, hidroelétrica, nuclear – gera efeitos poluentes do meio ambiente, além da dissipação calorifica pelos equipamentos, altera e interfere no frágil equilíbrio da natureza, seja com o aumento da temperatura, resíduos poluidores e outros impactos ambientais diversos.

Os circuitos e componentes eletrônicos, desde os chips até as baterias de dispositivos portáteis, utilizam materiais contaminadores e de difícil degradação natural, como metais pesados e plásticos. A indústria eletrônica tem procurado pesquisar meios e produtos para diminuir estes efeitos, com componentes de menor consumo de energia, menos poluentes e com a reciclagem de metais pesados e demais materiais.

Resultante da escalada e disseminação do uso, somadas à rapidez da obsolescência tecnológica destes equipamentos eletrônicos, o volume de lixo tecnológico aumenta a cada dia, com velocidade muitas vezes superior à capacidade de sua reciclagem e/ou reaproveitamento. Este fato despertou a consciência para o problema ambiental e obrigou a sociedade a estabelecer obrigações aos responsáveis quanto aos destinos finais, prevendo penalidades nas omissões, cujo ônus viabilizem a reciclagem e reaproveitamento dos mesmos, para livrar a natureza deste encargo.

Impactos nos profissionais e no trabalho

A evolução das novas tecnologias aplicadas nas atividades pessoais, profissionais, produtivas e de lazer dos indivíduos e da sociedade como um todo, provoca alterações radicais nos produtos, serviços e, principalmente, no trabalho das pessoas.

As empresas passaram a exigir trabalhadores com novos perfis de competências e habilidades profissionais, bem como de novas atitudes abertas ao aprendizado permanente e à reciclagem constantes, para atuar utilizando as novas tecnologias e sistemas de informação com novos parâmetros de velocidade de decisão e ação, em contextos de constante evolução.

A possibilidade de disponibilização e acessos, de/em qualquer lugar e a qualquer tempo, aos recursos utilizados por estes trabalhadores em suas tarefas, alterou drasticamente as possibilidades de jornadas de trabalho flexíveis e de acúmulo de funções e tarefas.

Estas jornadas e ampliação de responsabilidades podem se estender a pontos além dos limites aceitos como adequados e salutares aos indivíduos e que, somadas ao aumento do stress da premência e urgência imposta pela competitividade dos negócios e a submissão às novas relações entre o Capital e o Trabalho, de remuneração por resultados obtidos, deterioram a qualidade de vida dos profissionais.

A qualidade de vida e os novos valores na Sociedade do Conhecimento

As TI´s podem transformar o ser humano em um meio e não em um fim, pois na sociedade do conhecimento, uma significativa parcela dos relacionamentos humanos passou a ser estabelecida e cultivada por meios eletrônicos, alterando os valores tradicionais de interações humanas, antes pessoais e presenciais, para novos protocolos digitais que primam pela frieza da impessoalidade, adicionada à objetividade e rapidez impostas pelas tecnologias envolvidas.

Perdeu-se a riqueza de informações contidas nas sutilezas da linguagem corporal quando eram expressas em gestos e olhares, transmitidas em relacionamentos pessoais e mesmo em conversas e negociações comerciais. Foram trocadas por frias mensagens, curtas e objetivas, via conversação eletrônica (chatsmessengers) ou correspondência eletrônica impessoais (e-mails). Com isto os relacionamentos humanos se empobreceram em qualidade e profundidade e ganharam em quantidade e amplitude superficial.

Atualmente qualquer profissional pode ser rapidamente localizado e acionado, a qualquer tempo e em qualquer lugar, com a utilização de telefonia móvel, messengers ou outro meio eletrônico (GPS), sacrificando grande parcela de sua privacidade e aumentando em muito a requisição de velocidade de atuação e volume de resultados, sem concessões quanto ao nível de qualidade necessária de produtos e serviços. Com este cenário e devido a estes novos requisitos de desempenho profissional, a qualidade de vida social, emocional, psicológica e até biológica dos indivíduos tem sido sacrificada.

Mas a tecnologia pode ocasionar também um impacto oposto e positivo: a automação dos trabalhos também pode disponibilizar mais tempo livre aos profissionais, pela rapidez com que as tarefas passam a ser concretizada pelos sistemas e computadores, e pela diminuição de erros e decisões equivocadas a serem tratados e consertados.

Cabe a cada profissional desenvolver as suas habilidades no uso de TI´s para obter este tempo, que pode ser utilizado para reflexões e análises que o aprimorem como profissional (ócio produtivo) e/ou para atividades de cunho pessoal, de lazer ou simples repouso.

Dentre os objetivos estratégicos de uma empresa deve estar presente a preocupação com a utilização de TI´s, de forma positiva à qualidade de vida das pessoas envolvidas com as suas atividades e os seus relacionamentos com a empresa, pois há uma causalidade obvia e natural entre a satisfação destas pessoas, clientes, parceiros e de funcionários, e os resultados finais desta organização em seu mercado.

Não considerar o ser humano mais como um simples meio de produção, mas sim, ter o seu bem estar e sua qualidade de vida como o objetivo central, deve ser a finalidade precípua das organizações inteligentes.

 

Fonte< https://www.linkedin.com/pulse/quest%C3%B5es-sociais-das-tis-empresas-e-os-impactos-na-qualidade-oda/ > Linkedin Erik Oda – Acesso em: 03/10/2019 ás 16h30.