Falar em investimento socialmente responsável não é algo novo: a questão já era discutida por negócios nos séculos 18 e 19.
Mas somente há duas décadas o termo ESG (sigla para Ambiental, Social e Governança — do inglês, Environmental, Social, and Governance), como o conhecemos hoje, ganhou forma, métricas e metas. Desde então, as marcas buscam entender e aplicar esses princípios em suas operações, mas sair do campo das ideias e tornar essa estratégia algo concreto na vida das pessoas ainda é um desafio.
Sustentabilidade, por exemplo, está no topo das preocupações das lideranças: 74% dos executivos acreditam que o pilar pode impulsionar poderosas transformações nas empresas. Mas esse mesmo estudo também revela a dicotomia entre expectativa e realidade. Enquanto 63% dos líderes estão dispostos a expandir os seus negócios de uma forma que seja sustentável para o planeta, mesmo que isso signifique receitas mais baixas num futuro próximo, cerca de três em cada quatro deles (78%) citam a tecnologia como fator crítico para os futuros esforços nesse sentido.
Como, então, as marcas podem investir nos pilares ESG e tornar essa atuação algo concreto na vida das pessoas? Um projeto desenvolvido pelo O Boticário em parceria com o Google e a eCycle dá algumas pistas de caminhos possíveis.
ESG na prática
Em 2021, o Grupo Boticário lançou um documento com 15 metas e objetivos ligados à perspectiva ESG que devem ser cumpridos até 2030. “Essa oficialização da frente ESG foi um processo natural para a empresa. Como Artur Grynbaum, vice-presidente do Conselho do Grupo Boticário, costuma dizer, já praticávamos ESG mesmo antes da sigla existir. Essa estruturação da área levou em conta como o tema poderia ser tratado em diferentes setores, e prioridades foram definidas. Esse processo desafiou nossas lideranças, e a aplicação de tecnologia ao longo do desenvolvimento de métricas e análise de dados foi essencial para entendermos como o projeto se materializaria”, conta Renata Gomide, vice-presidente de Consumer do Grupo Boticário.
Com a estratégia desenhada e um time capacitado, a marca passou a olhar para as tendências de busca do Google e descobriu que, dentro do tema sustentabilidade, reciclagem aparece como segundo termo mais pesquisado no Brasil em um universo de quase 15 milhões de buscas relacionadas nos últimos 2 anos. Esse insight abriu a possibilidade de criar uma ação para tornar a perspectiva ESG palpável para todos.
Afinal, apesar do interesse das pessoas pelo tema, especialmente sobre os materiais que podem ser reciclados e os pontos dedicados à coleta de resíduos, essas informações ainda são escassas na internet. Se alguém procura por locais onde reciclar vidro, ou cartucho de tinta da impressora, por exemplo, nem sempre tem uma resposta exata. E foi nesse espaço vago que enxergou-se uma oportunidade.
O Boticário se uniu, então, ao Google e à eCycle para fornecer às plataformas de busca informações precisas sobre postos de coleta. Dessa forma, agora, para fazer o descarte correto de materiais recicláveis basta pesquisar termos como “reciclagem de garrafas plásticas perto de mim”, por exemplo.
Os locais listados na Busca e no Google Maps também fornecem informações atualizadas sobre os tipos de resíduos que podem ser entregues em cada ponto de coleta, além das indicações básicas de endereço, telefone e horário de funcionamento.
A parceria com foco em ESG vai possibilitar que 5,5 mil pontos de reciclagem de todo o Brasil sejam incluídos no resultado das buscas — indicando organizações não governamentais, cooperativas de reciclagem, prédios públicos, lojas e os locais disponíveis do Boti Recicla, o maior programa de logística reversa em pontos de coleta do país. Ao final do projeto, daqui a dois anos, estima-se que mais de 10 mil postos estejam cadastrados.
Os aprendizados
Essa parceria mostra como levar os princípios ESG para o dia a dia das pessoas. Isso porque, embora a sustentabilidade seja uma realidade global, no Brasil, apenas 38% dos municípios possuem coleta seletiva.
Além disso, essa ação coloca a marca no rol das empresas com responsabilidade ambiental. E isso é importante por três razões:
- Metade das empresas mais amadas do Brasil também são as de melhor reputação ESG.
- Os consumidores procuram cada vez mais por empresas cuja atuação se dá de forma responsável.
- Investir em sustentabilidade a partir de um entendimento mais amplo é essencial para as marcas continuarem relevantes.
A consolidação de uma nova forma de ver os negócios e o papel das marcas na sociedade e no mundo pode ir além do impacto financeiro que possa gerar. “O legado do Boticário é transformar o mundo para melhor por meio da beleza. A reflexão essencial aqui é: só existe beleza se existir planeta. E todos nós somos protagonistas desta história. Tudo está interligado e acreditamos muito na jornada de engajamento dos atores sociais por meio da conversa e geração de visibilidade. Por isso, essa parceria com Google e eCycle é tão representativa: com a capilaridade e potencial dessas plataformas atingimos cada vez mais pessoas, recebemos mais insumos para fazer a roda da logística reversa e reaproveitamento de materiais girar”, completa Renata Gomide.
Essa ação sai do campo das ideias e mostra como uma marca pode se tornar agente de impacto, especialmente no campo da reciclagem, que ainda é pouco entendida pelos negócios como elo do ciclo do consumo. Ao ampliar o acesso a postos de coleta, O Boticário, Google e eCycle possibilitam uma transformação ambiental, social e econômica, criando meios para uma vida com práticas menos poluentes e, consequentemente, ampliando o setor da economia circular no país.